terça-feira, 21 de março de 2006
O "NADA"...
Sempre tive vontade de fazer teatro até aparecer uma boquinha gratuita da prefeitura com limites de vagas. Eu consegui e têm duas semanas que eu comecei lá. Muito revigorante depois de uma semana cheia de stress e desconforto vindo dos deveres como aluno e profissional. Interessante a forma de lidar com a criatividade do corpo... Uma das atividades que me chamou mais atenção foi representar o nada. O que seria o nada e como interpretá-lo? É muito fácil imitar um velho ou um cachorro, mas nada se compara a tentar criar uma opinião de um conceito se materialisando. Nossas opiniões são construída a partir de nossos antecessores. É verdade. Como definir algo que não houveram informações aproximadas? O que eu associe o nada foi como uma forma de ausência, negação ou inexistência. Talvez eu seja demasiadamente humano para me aproximar da verdade. "Penso, logo existo", Descártes sabia do que dizia? Se eu entrar em estado vegetativo, há possibilidade de me encontrar com o nada que me aguarda na ausência do meu pensamento? Eutanásia. Recorda-me a citação atribuída a Virginia Woolf no filme “As Horas”, quando a escritora responde a uma menina que lhe pergunta para onde vamos após a morte: “Para o mesmo lugar que viemos antes de nascer”. Seria o que fica antes e depois do que não sabemos como é... Paradoxo complicado esse, não? Mais complicado ainda é sair dessa idéia e enviá-la ao corpo em movimentos e sons.
O nada não me assusta, mas incita minha indubitável confusão:
"Será que esse nada que eu aponto, pode ser a causa da nossa existência? "
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3 comentários:
Um texto interressante,algo que nós ensina que o nada é um pouco impossivel de se sentir.Parabéns Junior,vc é um rapaz muito inteligente,gosto de ver vc agindo,sinto que vc será alguem conhecido, é um prazer enorme ter a sua presença.A foto do texto ficou muito bem colocada,faz sentido até um certo momento,quando olhamos pensamos aquela mulher esta só,esta no meio do nada,mas ela tem uma natureza em volta ela ñ esta só,ela esta entre a natureza.Da sua amiga(KALINE) BEIJOS.
Oi Júnior.
Às vezes me pergunto com pode existir uma pessoa como você. Aliás, se você não existisse, teria sido inventado. Suas idéias me surpreendem, mas acredito que isso é fruto de sua inteligência.
Te adimito muito.
Bjs,
NICE
Muito bom JR... nao sabe a felicidade que tenho ao ler o seu texto, claro, sugestivo, instigante. Um texto de alguem que, com certeza, se ocupa de pensar sobre o grande palco de nossa exitência. Você traduz num texto muito lúcido boa parte das minhas expectativas quando proponho este tipo de tema para os alunos e você parece ter capitado bem o espírito da coisa, resta agora investir para conseguir traduzí-lo para a cena, tomara que eu possa ajudá-lo nesta empreitada.
A foto também é belíssima e me lembra o Butoh, um tipo de dança japonesa que trabalha com a idéia de um gestual produzido por um corpo morto, podemos conversar um pouco depois.
e falando de nada por nada, outro dia dizia para uma aluna que me perguntou sobre o porque fazer teatro, e acho que para mim tem haver com a busca de compreender a cada dia este NADA. Termino com as palavras que disse para esta aluna:"nunca consegui responder a esta pergunta, mas posso tentar: nao acho que tenha uma resposta racional, já que vejo o mundo ao meu redor como um teatro, o teatro está no meu corpo e em meu pensamento desde criança e
suspeito seriamente que, se eu fosse proibido de fazer teatro,
enlouqueceria, já que nao teria como liberar meus fantasmas, mas nao vejo o enlouquecer como algo ruim, seria uma maneira de garantir que mesmo sem saber (já que um louco só é louco porque ele nao tem consciencia de sua
loucura) estaria reinventando minha vida a cada dia. Quem sabe esta última frase seja a responta: Faço teatro para me reinventar a cada dia, seja em mim mesmo, quando sou ator, ou no outro, quando estou dirigindo."
um forte abraço,
Rogério
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