sábado, 29 de abril de 2006

O sono e a consciência

Gosto de dividir o bom, o útil, o sensato, exemplifico com um texto de Emim Mihai Cioran: Homem o animal insone.

Quem quer que tenha dito que o sono é o equivalente da esperança teve uma intuição penetrante da assustadora importância não só do sono mas também da insônia! A importância da insônia é tão colossal que sou tentado a definir o homem como sendo o animal que não pode dormir. Por que chamá-lo de animal racional, se há outros igualmente razoáveis? Mas não existe outro animal em toda a criação que queira dormir e não possa. O sono é esquecimento: o drama da vida, suas complicações e obsessões se desfazem completamente, e cada despertar é um novo começo, uma nova esperança. Assim a vida mantém uma agradável descontinuidade, a ilusão de uma permanente regeneração. A insônia, por sua vez, da à luz um sentimento de tristeza irrevogável, de desespero e agonia. O homem saudável – o animal – apenas chapinha na insônia: ele nada sabe sobre esses que dariam um reino por uma hora de sono inconsciente, esses que se horrorizam tanto diante de uma cama quanto diante de uma mesa de tortura. Há um vínculo estreito entre a insônia e o desespero. A perda da esperança vem com a perda do sono. A diferença entre o paraíso e o inferno: pode-se sempre dormir no paraíso, mas nunca no inferno. Deus puniu o homem tirando-lhe o sono e dando-lhe o conhecimento. Não é a privação do sono uma das torturas mais cruéis praticadas nas prisões? Os loucos sofrem enormemente com a insônia, daí as suas depressões, o seu desgosto com a vida, e os seus impulsos suicidas. Não é a sensação –típica das alucinações acordadas – de mergulhar num abismo uma forma de loucura? Os que cometem suicídio atirando-se de pontes para dentro dos rios ou de edifícios sobre os calçamentos, motiva-os por certo um desejo cego de cair e a atração ofuscante das profundezas abismais. Minha alma é caos, como pode então ser? Tudo está em mim: procura e encontrarás. Sou um fóssil que data do princípio do mundo: nem todos os seus elementos cristalizaram completamente, o caos inicial ainda transparece. Sou a absoluta contradição, o clímax das antinomias, o último limite das tensões; em mim tudo é possível, pois sou aquele que no momento supremo, diante do nada absoluto, gargalhará.

Esse post foi feito ao som de:
Mission Impossible 2: hate me/ Limp Bizkit

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Sujeira pra todo lado


Estive lendo agora a pouco a revista Discutindo Filosofia, aparentemente uma revista dinâmica, contemporânea e imparcial (fato que na filosofia é imprescindível).
O real motivo da existência da revista me veio ao conhecimento, juntamente com um grande desagrado. A revista tem como preferência os pensadores comunistas, colocando-os num pedestal com textos anti-corrupção, com páginas dedicadas à Kant, pregando um futuro otimista a partir dos ideais de Lênin e Marx e Mostrando o MST como "um povo que pede justiça". Legal isso. Semana passada, integrantes do Movimento Sem-Vergonha invadiram a sede da Cemig com machados, foices e, possivelmente enxadas. O ato, conforme as lideranças dos movimentos, foi em protesto contra o preço das tarifas de energia elétrica e a realização da reunião anual do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), aberta oficialmente segunda-feira, na capital mineira.
Leia mais: http://geral.dgabc.com.br/materia.asp?materia=522707
Na mesma edição, filósofos como Sarte é apresentado como equivocado ao concordar com o governo da sua época. É errado apoiar o governo?...
A minha preocupação é a página onde é misturado os pensamentos de Kant com letras do Legião Urbana, enfocando a juventude como alvo e visando uma construção errônea de um cidadão. "Pintem suas caras e vamos para as ruas"...
A democracia não funciona mais no grito e dos 300 alunos que fazem passeata, acredito eu que apenas 15% merecem meio-passe ou sei-lá-o-quê.
Veículos de informação deformando a realidade, algazarra nas ruas, protestos vãos... É o fim dos tempos, agora é só aguardar um velho barbudo lançar gafanhotos gigantes sobre os injustos... blá blá blá

Uma boa pedida: O livro "A insustentável leveza do ser"
Milan Kundera

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Sonhos noturnos, entretanto estarei desperto


Nas noites de sábado para domingo, não me procure em casa...
Estarei vivendo em universos dignos à diversão e deslocamento.
Estarei em lugares onde as pessoas querem sorrir e dançar.
Nessas noites sou quase irreconhecível...
Mais sensual, mais social.
Estarei defronte à minha essência.
E possivelmente embriagado com a música e as pessoas,
Sinto o expansivo peso,
Da minha insustentável leveza do ser...
Camaleônico, metamórfico, mascarado ou Eu?
Essa imagem me faz meditar sobre a liberdade...


À vocês, um presente, uma lacuna das minhas noites...

Marilyn Manson
Sweet Dreams
(Doce Sonhos)

Doces sonhos produzem isso
Quem sou eu pra desacreditar?
Viajando o mundo e os sete mares
Todos estão procurando por algo
Algum deles querem te usar
Algum deles querem ser usados por você
Algum deles querem abusar de você
Algum deles querem ser abusados por você

Doces sonhos produzem isso
Quem sou eu pra desacreditar?
Viajando o mundo e os sete mares
Todos estão procurando por algo
Algum deles querem te usar
Algum deles querem ser usados por você
Algum deles querem abusar de você
Algum deles querem ser abusados por você


Eu quero usar você
E abusar de você
Eu quero saber o que dentro de você

Mexa-se
Mexa-se
Mexa-se
Mexa-se
Mexa-se
Mexa-se
MEXA-SE!

Doces sonhos produzem isso
Quem sou eu pra desacreditar?
Viajando o mundo e os sete mares
Todos estão procurando por algo
Algum deles querem te usar
Algum deles querem ser usados por você
Algum deles querem abusar de você
Algum deles querem ser abusados por você

Eu quero usar você
E abusar de você
Eu quero saber o que dentro de você

Eu quero usar você
E abusar de você
Eu quero saber o que tem dentro de você